Este texto foi extraído do site folha.com e está sendo reproduzido na íntegra. Eles está sendo postado neste blog por estar diretamente relacionado aos temas de Administração, Motivação e Gestão que aqui são tratados. Um excelente exemplo de um brasileiro que deu certo à frente de sua empresa. Texto de Araripe Castilho e foto de Edson Silva.
Boa leitura!
João Braz Naves, 61, é dono da RTE
Rodonaves, que ele criou há 31 anos a partir de um box de 10 m² alugado na
rodoviária de Ribeirão Preto. Na época, ele mesmo fazia entregas com uma
bicicleta de carga. Hoje, a empresa é uma das maiores transportadoras do
Brasil.
Leia abaixo o depoimento de João Braz
Naves:
Nasci em Altinópolis, fui para Minas
com 16 anos e só cheguei a Ribeirão Preto aos 19. Antes de montar a Rodonaves,
vendi passagem de ônibus por quase dez anos.
Eu era o único bilheteiro, aquele que
levava os pacotes para os ônibus. E me perguntava por que as pessoas colocavam
encomendas nos ônibus. Isso não saía da minha cabeça e aí descobri que era por
causa da rapidez. Só que não tinha o serviço de coleta e entrega a partir dos
ônibus.
Como a empresa onde eu trabalhava
demitiu vários funcionários, entre eles eu, aproveitei a ideia para montar esse
negócio. Era 1980 e eu tinha 29 anos. Arrumei um box pequeno na rodoviária e
comecei a fazer entregas sem a bicicleta. Levava tudo nas mãos, nos ombros.
Aí comecei a perguntar nas empresas
próximas se eles me pagavam mais para eu entregar as mercadorias dos ônibus
diretamente para eles, usando já uma bicicleta.
Eles adoraram porque, assim, facilitava
para eles. Então comprei uma bicicleta Brandani, em dez parcelas. Deu três
meses e a bicicleta já não dava mais conta.
Edson Silva/Folhapress
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João Braz Naves, dono da RTE Rodonaves, ao lado da primeira bicicleta
da empresa RTE Rodonaves
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Eu pegava a encomenda no ônibus e
entregava no destino. O negócio foi tão bem que, em três meses, comprei uma
Kombi 71 e meu primeiro funcionário assumiu a bicicleta. Nesse momento, comecei
a atender Ribeirão Preto quase inteira e até usava a Kombi para entregas na
região. Eu já tinha cinco funcionários.
Logo começaram a aparecer empresas de
ônibus que me repassavam serviço. A [viação] Santa Cruz entrou na história e colocou
um caminhão para eu fazer as entregas. Mais três meses e esse caminhãozinho já
era pouco. Viramos sócios.
PEDRAS NO CAMINHO
Contando assim parece que foi
tranquilo, mas não foi. Eu não tinha casa própria, tinha três filhos. Em 84,
quando minha primeira mulher quis a separação, foi um susto danado. Só que foi
assim que percebi que a Rodonaves já estava dando um dinheirinho. Até então,
não sabia por que não cuidava disso. Mais adiante, quando o negócio parecia
bem, tive outro susto. Eu me separei também da empresa Santa Cruz. Essa época foi difícil. De 18 veículos
na frota, sobraram só dois caminhões pequenos. Sem muita estrutura, comecei quase do
zero de novo. Arrumamos um caminhão sem baú e jogamos uma lona em cima. Foi um
ano com esse caminhãozinho. De 97 praças que eu fazia antes com a
Santa Cruz, tive que começar só com 27. Mas, em menos de um ano, já tinha quase
o mesmo movimento de antes. Arrumamos gente que pegava para fazer
entrega até de charrete em algumas cidades. Em 95, tive coragem de comprar dois
caminhões zero porque precisava muito fazer outras linhas.
VENDAVAL
Mas antes disso, em 1994 mesmo, teve o
grande vendaval em Ribeirão Preto.
As mercadorias ficaram todas molhadas,
não tinha mais nada. Fui atrás do seguro, mas não cobria vendaval. Nós pedimos
mesmo assim e, graças a Deus, o seguro percebeu a necessidade e pagou. Acho que me ajudou muito ser honesto
porque eu não quis explorar o seguro, só pedi o necessário. Também procurei os clientes e, por
incrível que pareça, muitos aceitaram as mercadorias do jeito que estavam.
A RETOMADA
Todo mundo achou que a gente ia
desistir depois disso, mas não foi assim. De 97 em diante, já não usava mais os
ônibus como estratégia para enviar as mercadorias. Cheguei um dia a Goiânia e vi que tinha
serviço de sobra, mas não tinha estrutura. Arrumei um barracão e comecei na
praça. Isso faz 14 anos, foi na mesma época
que construímos a atual sede em Ribeirão Preto, num terreno que comprei da
usina Batatais.
Saímos de uma área de 600 m² para outra
de 3.000 m².
Daí para frente foi só festa.
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
DE RIBEIRÃO PRETO
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